Área do Cliente

Área do administrador
Horário de Funcionamento De segunda a sexta-feira
Das 8h30min às 12 horas e das 13h30min às 18 horas

Setor de construção civil diz que Caixa dificulta crédito para capital de giro

As empresas do setor da construção civil estão enfrentando dificuldades para ter acesso à linha de financiamento de capital de giro

Fonte: Valor Econômico

Arnaldo Galvão

As empresas do setor da construção civil estão enfrentando dificuldades para ter acesso à linha de financiamento de capital de giro, de R$ 3 bilhões, que o governo anunciou estar disponível, em outubro, na Caixa Econômica Federal. A reclamação foi levada pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, ao governo em reunião realizada ontem no Ministério da Fazenda.

Simão afirmou que, dos R$ 3 bilhões, apenas R$ 50 milhões foram liberados até agora porque a Caixa está exigindo garantias adicionais, o que inviabiliza a operação no modelo original. A ideia, de acordo com o que anunciou o ministro Guido Mantega, era a instituição aceitar como garantia os recebíveis do empreendimento e seus fluxos de caixa como garantia. Durante a reunião, o presidente da CBIC ouviu de Mantega que seu secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa, vai reunir-se com a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, para tentar resolver a questão.

O custo dessa linha de crédito para capital de giro fica entre 10% e 11% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR), com recursos da caderneta de poupança. Uma medida provisória criou um fundo de reserva de R$ 1,05 bilhão a partir dos dividendos pagos pela Caixa ao Tesouro. Esse fundo, formado pelos valores dos exercícios de 2008, 2009 e 2010, vai garantir até 35% dos R$ 3 bilhões e o restante do risco será suportado pela Caixa.

Sem o apoio desse fundo, os bancos privados não vão, segundo Simão, oferecer esse financiamento, o que poderia agregar outros R$ 7 bilhões.

Desoneração tributária, a crise do crédito e o temor da concorrência desleal das importações, principalmente asiáticas, foram os temas dominantes na reunião de ontem entre empresários e governo no Ministério da Fazenda. O presidente da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, pediu para o Banco do Brasil e a Caixa ocuparem o espaço dos bancos privados e até do BNDES na concessão dos empréstimos-ponte, que são antecipações de crédito em operações de longo prazo essenciais para a viabilização de projetos, principalmente na área da infra-estrutura.

De uma maneira geral, o setor privado quer os bancos públicos mais presentes no mercado, de maneira mais ágil, concedendo crédito mais barato para socorrer as empresas neste momento de fortes dificuldades e queda brusca na atividade industrial.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), reforçou seus argumentos no sentido de o Banco Central estar "na cadência errada" porque, na sua avaliação, há espaço para reduzir de maneira mais forte os juros. Sobre a reação do presidente Henrique Meirelles na reunião, Monteiro Neto comentou que "o silêncio dele foi muito eloquente". Na visão da CNI, a ampliação do prazo de pagamento dos tributos é uma forma interessante de, em plena crise do crédito, dar mais capital de giro para as empresas.

De acordo com a assessoria de Mantega, o governo teve 14 representantes, com destaque para os ministros da Fazenda e do Desenvolvimento (Miguel Jorge) e para os presidentes do BNDES, Luciano Coutinho, e do Banco Central, Henrique Meirelles. No lado do setor privado, foram 28 representantes.