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Sua empresa não precisa de um valentão

Sempre houve "valentões" entre nós, e vale a pena parar um momento e notar como a nossa cultura tem construído um papel para eles, que, convenientemente, é o de heróis úteis e necessários.

Sempre houve "valentões" entre nós, e vale a pena parar um momento e notar como a nossa cultura tem construído um papel para eles, que, convenientemente, é o de heróis úteis e necessários. Ensinados ou não, os valentões continuam aparecendo.

Frequentemente os vemos como poderosos, corajosos ou importantes, pelo menos enquanto forem os nossos valentões. Richie Incognito, Chris Christie, Rob Ford, cada um deles tem uma lista longa de seguidores, pessoas que têm defendido certos valentões como homens apaixonados pelo povo, que estão fazendo seu trabalho, que são viscerais, antielite, e estão ganhando uma batalha na qual vale a pena lutar.

Em algum nível, faz sentido ter alguém que faz bullying ao nosso lado. Se você está indo para a guerra, o pensamento é: "Quem é melhor pra me representar do que alguém que intenciona menosprezar e diminuir o outro lado"? Se formos nós contra eles, o "valentão" que nos representa é o nosso herói.

Dados os milênios em que os primatas e outras espécies têm prosperado e usufruído da noção do bullying, qual o problema? Contanto que nosso bully (a pessoa que pratica o bullying) seja mais forte do que o deles, parece que estamos preparados…

Mas o que acontece quando a economia muda (e a cultura juntamente com ela)? O jogo da dominação mundial, em que só se ganha o quanto é perdido por outro, parece recompensar justamente o egoísmo e a postura bélica que o valentão abraça e adota. Mas, na economia da conexão, o mundo do nosso futuro, fica claro que não estamos em um jogo em que a vitória de uma parte é proporcional à derrota da outra, e que um comportamento que visa "ganhar a qualquer custo", como é típico de quem pratica bullying é, na verdade, um alto custo e não uma vantagem.

Rob Ford, o prefeito atrapalhado de Toronto, tem feito um show para o seu eleitorado, expondo pessoas de forma controversa e, ao longo do caminho, perdeu personalidades com quem precisava trabalhar. Ao invés de tramar um futuro baseado na produtividade e inovação, ele criou um entusiasmo momentâneo e que deverá ser seguido por muitas desvantagens conforme sua cidade trabalha para recuperar seu ímpeto em avançar.

A gerência do Miami Dolphins, time de futebol americano, inicialmente encorajou Richie Icgonito, treinador da equipe, a "endurecer" um de seus jogadores, como se o bullying pudesse servir a um propósito produtivo dentro de uma organização. Como eles terminaram aprendendo, este método é ineficiente e até contraprodutivo.

O praticante do bullying pode ser capaz de levantar e animar uma multidão com seu comportamento hormonal, mas essa emoção passa tão rápido quanto veio. A vítima do bullying, por sua vez, pode nunca mais contribuir tanto quanto era capaz de fazê-lo, depois de passar por essa experiência negativa.

Na sua empresa, há, sem dúvida, valentões que conseguem ganhar discussões, aumentar seu poder e derrotar inimigos. Mas será que eles estão criando valor real para a organização como um todo? Numa economia baseada na confiança e nas conexões, como o inevitável desgaste causado pelo bullying pode levar a resultados positivos, em longo prazo?

Eu não acho que nós podemos fazer o impulso para a prática bullying desaparecer. Mas fica claro que podemos criar organizações e empreendimentos que não tolerem tal prática, criando um ambiente onde o valentão jamais é o herói. Provavelmente, devemos ao menos tentar.