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A juniorização do mercado financeiro

Tendência de demissão de diretores impactou na abertura de oportunidades para os cargos mais altos

Autor: Fábio SaadFonte: Revista Incorporativa

Nos últimos dois anos o mercado financeiro não viveu o seu melhor momento, principalmente com relação aos seus profissionais. As crises econômicas, demissões e redução contínua dos bônus fizeram com que esse segmento se tornasse menos atraente aos olhos dos executivos, já que passaram a trabalhar mais ganhando menos por isso. Como consequência, o setor teve um período de baixíssima troca de cadeiras. 

Além de todos esses fatores, os profissionais que ocupavam cargos de diretoria ainda foram impactados financeiramente por outro fator: o fim do salário diferido e queda de bônus. O aumento de trabalho e a diminuição na remuneração fizeram com que esses executivos começassem a se questionar se realmente valia à pena continuar no mercado financeiro. E, com isso, o setor foi cada vez mais perdendo espaço para a indústria e muitos de seus colaboradores abandonaram seus cargos para abrir seu próprio negócio ou apostarem em uma boutique de investimentos. 

Apesar de muitos profissionais terem optado por outros caminhos, desde o início deste ano algumas instituições iniciaram demissões de diretores. Os motivos desta movimentação vão desde a falta de motivação dos altos executivos e o efeito negativo nas respectivas equipes a profissionais que tinham apenas a responsabilidade da gestão, sem produzir de forma efetiva. Ou seja, a medida foi uma alternativa para aumentar a eficiência tanto dos profissionais como das organizações. 

Essa nova tendência de demissão de diretores impactou na abertura de oportunidades para os cargos mais altos, preenchidos por profissionais mais jovens caracterizando uma juniorização do mercado financeiro. As instituições estão promovendo funcionários que estavam no nível abaixo, e muitas vezes a função de um diretor é dividida entre dois ou mais profissionais. Apesar da faixa etária inferior não é possível afirmar que as organizações perderão em qualidade ou que essa movimentação seja mais uma forma de reduzir custos. Ainda é cedo para garantir também se essa juniorização será temporária ou definitiva. O que se sabe é que este é a nova realidade do segmento.

Com esses profissionais mais jovens assumindo postos mais seniores, as antigas cadeiras ficam vagas e também precisam ser preenchidas por novos profissionais. Esta reação em cadeia, apesar de ter início com o desligamento de altos executivos, traz a boa notícia de necessidade de contratações e o reaquecimento da movimentação de profissionais do setor, que andava em baixa nos últimos dois anos. 

Outra novidade positiva para o mercado financeiro e que contribuirá ainda mais para o aquecimento do recrutamento de profissionais é que algumas instituições, como as europeias e americanas, voltaram a pagar o bônus garantido para posições da área de negócios.