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Produtividade recua no trimestre, mas aumenta no pós-crise

O forte crescimento do começo é explicado pela recuperação de uma indústria que estava se ajustando à crise.

Autor: Denise NeumannFonte: Valor Econômico

Os ganhos de produtividade perderam ritmo na indústria durante o segundo trimestre. Depois de crescer nos últimos quatro trimestres, a produtividade da indústria recuou 0,4% no segundo trimestre deste ano na comparação com os primeiros três meses, em série com ajuste sazonal. Essa pequena queda decorreu de um crescimento das horas pagas superior ao aumento da produção, segundo apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre abril e junho, a produção cresceu 1,4% na comparação com os três meses anteriores, enquanto o volume de horas pagas foi 1,8% maior no mesmo período.

 

Embora o ganho de produtividade tenha sido menor no segundo trimestre, a indústria saiu da crise mais eficiente. Nos trimestres anteriores, a produtividade cresceu desde 6% no segundo trimestre de 2009 até 1,6% nos primeiros três meses deste ano, sempre em relação ao trimestre imediatamente anterior. O forte crescimento do começo é explicado pela recuperação de uma indústria que estava se ajustando à crise.

Nos últimos 12 meses, a produção brasileira cresceu 6,5%, volume que, comparado à queda de 1,1% nas horas trabalhadas nos mesmos 12 meses, indica um ganho superior a 7% na eficiência da indústria no pós-crise. Ou seja, a indústria foi capaz de produzir um volume de bens 6,5% maior, com menos horas de produção.

Além disso, o resultado do emprego e das horas pagas sugere que a indústria continuou se preparando para aumentar sua capacidade produtiva nos próximos meses. Entre maio e junho, já descontados efeitos sazonais, o emprego no setor industrial cresceu 0,5% . Este foi o sexto mês consecutivo de alta, com o crescimento do emprego somando 2,4% no primeiro semestre. Em relação a junho de 2009, o aumento foi de 4,9%, a maior taxa desde que o levantamento começou a ser feito.

Pelos dados do IBGE, o valor da folha de pagamento real da indústria subiu 3,3% frente a maio, descontados os ajustes sazonais. Comparado a junho de 2009, o aumento foi de 8,3%, com expansão em todas as 14 regiões pesquisadas. Embora alto, o aumento de 3,3% veio na sequência de dois meses de queda neste custo (menos 0,8% em maio e menos 0,4% em abril). Em 12 meses, o gasto das indústrias com a folha real de salários não indica alta - o valor foi 0,1% inferior ao dos 12 meses anteriores.

Na interpretação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o melhor desempenho do mercado de trabalho no segundo semestre "pode ser atribuído a São Paulo e a setores ligados à produção de bens de capital e bens-salários." Além disso, o instituto considera que esse desempenho permite "traçar uma trajetória de crescimento positiva do emprego industrial até o final do ano - embora, e muito provavelmente, a uma taxa de variação mais moderada do que a observada em junho."

O aumento de 4,9% no emprego industrial de junho em relação a igual mês de 2009 foi generalizado em todos os locais pesquisados pelo IBGE e em quatorze dos dezoito setores. Entre os locais, a principal contribuição positiva veio de São Paulo (3,7%), seguido pelo Nordeste (7,1%) e Rio Grande do Sul (6,8%). Na indústria paulista, as maiores influências positivas vieram das atividades de máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (10,0%), alimentos e bebidas (4,4%), máquinas e equipamentos (6,5%) e meios de transporte (5,6%). Na região Nordeste, o destaque foi em calçados e couro (16,1%) e alimentos e bebidas (7,8%), enquanto na indústria gaúcha, destacaram-se positivamente máquinas e equipamentos (16,2%), meios de transporte (14%) e outros produtos da indústria de transformação (12,6%).

No indicador de junho, o valor da folha de pagamento real cresceu 8,3%, com taxas positivas nos 14 locais pesquisados. A principal influência sobre a média nacional veio de São Paulo (6,4%), pelo aumento na folha de pagamento real em meios de transporte (12%), borracha e plástico (19,2%) e alimentos e bebidas (7,0%).